quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um pouquinho de humor cético em meio à mesmerização obâmica

Obama assumiu ontem a presidência dos EUA e 99,9% da mídia e dos opinativos de plantão continuam protagonizando um baba-ovismo de proporções gigantescas.

As expressões "nova era" e "momento histórico" nunca estiveram tão presentes nos diários de notícias. Antigamente, serviam para que historiadores olhassem para o passado e assinalassem um conjunto de fatos que realmente causaram um impacto relevante em uma sociedade. Algo que poderia se observar nos acontecimentos POSTERIORES.

Mas objetividade é coisa do passado quando o assunto é exorcizar Bush, eleito pela imprensa como senhor das trevas e personificação de todos os males do mundo. Por isso, dá-lhe risonhos jornalistas que se auto-proclamam arautos da imparcialidade, mas acabam fazendo o papel de bardos da mudança (CH-CH-CHAAAAANGE!!), anunciando as qualidades lendárias de um personagem mítico. Do qual, aliás, efetivamente pouco se sabe e que sequer foi posto à prova. Mas e daí, né? O cara tem carisma, fala muito bem e é negro! Taí três características objetivas que definem a competência (futura) de um chefe de estado.

Sem mais delongas, confira algumas charges que remetem ao saudável e combalido exercício do ceticismo jornalístico:

- Obama é oficialmente o presidente! Cadê a música? As borboletas? Os azulões? PORQUE NÃO É PRIMAVERA?
(por Dana Summers)

- Agora que você fez o juramento como presidente, você poderia nos contar logo... Quem é você?
(por Ed Gamble)

- Repita depois de mim, eu, Barack Hussein Obama...
- Psst... Você sabia que esse livro é sobre mim?
(por Gary McCoy)


"O Topo da montanha"
(onde está escrito "expectativas")
(por John Cole)


Fonte das charges: townhall.com

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Entendendo o conflito no Oriente Médio de forma didática

Segue abaixo um texto que esclarece muito o que está acontecendo no Oriente Médio, resumindo as premissas de forma bem simples. Foi publicado na edição de hoje da Folha, escrito por João Pereira Coutinho.

Estou postando porque tudo o que é apresentado nesse texto parece bem óbvio para mim, mas a imprensa nacional em geral insiste em tratar o tema com uma ignorância atroz. A vítima do lado de cá do mundo é muito clara: o público.


Mudar as palavras

por João Pereira Coutinho

Israel está novamente em guerra com os terroristas do Hamas, e não existe comediante na face da Terra que não tenha opinião a respeito. Engraçado. Faz lembrar a última vez que estive em Israel e ouvi, quase sem acreditar, um colega meu, acadêmico, que em pleno Ministério da Defesa, em Jerusalém, começou a "ensinar" os analistas do sítio sobre a melhor forma de acabarem com o conflito. Israel luta há 60 anos por reconhecimento e paz.
Mas ele, professor em Coimbra, acreditava que tinha a chave do problema. Recordo a cara dos israelenses quando ele começou o seu delírio. Uma mistura de incredulidade e compaixão.

Não vou gastar o meu latim a tentar convencer os leitores desta Folha sobre quem tem, ou não tem, razão na guerra em curso. Prefiro contar uma história.

Imaginem os leitores que, em 1967, o Brasil era atacado por três potências da América Latina. As potências desejavam destruir o país e aniquilar cada um dos brasileiros. O Brasil venceria essa guerra e, por motivos de segurança, ocupava, digamos, o Uruguai, um dos agressores derrotados.

Os anos passavam. A situação no ocupado Uruguai era intolerável: a presença brasileira no país recebia a condenação da esmagadora maioria do mundo e, além disso, a ocupação brasileira fizera despertar um grupo terrorista uruguaio que atacava indiscriminadamente civis brasileiros no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

Perante esse cenário, o Brasil chegaria à conclusão de que só existiria verdadeira paz quando os uruguaios tivessem o seu Estado, o que implicava a retirada das tropas e dos colonos brasileiros da região. Dito e feito: em 2005, o Brasil se retira do Uruguai convencido de que essa concessão é o primeiro passo para a existência de dois Estados soberanos: o Brasil e o Uruguai.

Acontece que os uruguaios não pensam da mesma forma e, chamados às urnas, eles resolvem eleger um grupo terrorista ainda mais radical do que o anterior. Um grupo terrorista que não tem como objetivo a existência de dois Estados, mas a existência de um único Estado pela eliminação total do Brasil e do seu povo.

É assim que, nos três anos seguintes à retirada, os terroristas uruguaios lançam mais de 6.000 foguetes contra o Sul do Brasil, atingindo as povoações fronteiriças e matando indiscriminadamente civis brasileiros. A morte dos brasileiros não provoca nenhuma comoção internacional.

Subitamente, surge um período de trégua, mediado por um país da América Latina interessado em promover a paz e regressar ao paradigma dos "dois Estados". O Brasil respeita a trégua de seis meses; mas o grupo terrorista uruguaio decide quebrá-la, lançando 300 mísseis, matando civis brasileiros e aterrorizando as populações do Sul.
Pergunta: o que faz o presidente do Brasil?

Esqueçam o presidente real, que pelos vistos jamais defenderia o seu povo da agressão.

Na minha história imaginária, o presidente brasileiro entenderia que era seu dever proteger os brasileiros e começaria a bombardear as posições dos terroristas uruguaios. Os bombardeios, ao contrário dos foguetes lançados pelos terroristas, não se fazem contra alvos civis -mas contra alvos terroristas. Infelizmente, os terroristas têm por hábito usar as populações civis do Uruguai como escudos humanos, o que provoca baixas civis.

Perante a resposta do Brasil, o mundo inteiro, com a exceção dos Estados Unidos, condena veementemente o Brasil e exige o fim dos ataques ao Uruguai.

Sem sucesso. O Brasil, apostado em neutralizar a estrutura terrorista uruguaia, não atende aos apelos da comunidade internacional por entender que é a sua sobrevivência que está em causa. E invade o Uruguai de forma a terminar, de um vez por todas, com a agressão de que é vítima desde que retirou voluntariamente da região em 2005.

Além disso, o Brasil também sabe que os terroristas uruguaios não estão sós; eles são treinados e financiados por uma grande potência da América Latina (a Argentina, por exemplo). A Argentina, liderada por um genocida, deseja ter capacidade nuclear para "riscar o Brasil do mapa".

Fim da história? Quase, leitores, quase. Agora, por favor, mudem os nomes. Onde está "Brasil", leiam "Israel". Onde está "Uruguai", leiam "Gaza". Onde está "Argentina", leiam "Irã". Onde está "América Latina", leiam "Oriente Médio". E tirem as suas conclusões. A ignorância tem cura. A estupidez é que não.